O promotor federal da Argentina, Ramiro González acusou nesta quarta-feira (14) o ex-presidente Alberto Fernández pelos crimes de lesões graves duplamente agravadas pelo vínculo e por terem ocorrido em um contexto de gênero e ameaças coercitivas em detrimento de sua ex-companheira, Fabiola Yañez.
De acordo com o promotor, Yañez “sofreu um relacionamento marcado por assédio, assédio psicológico e agressão física em um contexto de violência doméstica e de gênero”.
Esse assédio, considerou, ocorreu no contexto de uma “relação de poder assimétrica e desigual que se desenvolveu ao longo do tempo, que foi exponencialmente aumentada pela eleição de Fernández como Presidente da Nação e pelo exercício do cargo”.
A acusação apresentada por González acontece após Fabiola Yáñez depor pela primeira vez na terça-feira (13), durante quatro horas, no processo por violência de gênero que move contra seu ex-marido, um dia após apresentar um documento com novas revelações.
O procedimento foi realizado por videoconferência a partir do consulado argentino em Madri, cidade onde Yáñez reside.
“Ela pôde prestar depoimento e se sentiu muito confortável”, afirmou à imprensa a advogada de Yañez, Mariana Gallego, acrescentando que “resta apenas confiar na Justiça e nos passos processuais”.
Em declaração por escrito apresentada à Justiça na segunda-feira, à qual a AFP teve acesso, Yañez afirma que “os maus-tratos, assédio, desprezo, agressões, socos, eram uma constante” e que levava “tapas quase diários”.
A resposta de Fernández
Além de uma eventual apresentação à Justiça, Fernández deu sua versão dos fatos à imprensa. Em entrevista ao jornal espanhol El País publicada nesta terça-feira, o ex-presidente negou as agressões.
“Estou sendo acusado de algo que não fiz. Não bati em Fabiola. Nunca bati em uma mulher”, afirmou. “O que farei é esperar, ir à Justiça e deixar que a Justiça resolva”, acrescentou o político de 65 anos.
Em outras declarações ao meio local El Cohete a la Luna, Fernández disse que o hematoma visível no olho de Yáñez nas fotos se devia a um tratamento estético e não a um golpe desferido por ele. Fernández também considerou que “há alguém que incentivou” Yáñez a o denunciar e afirmou que há um aproveitamento político do governo (do presidente Javier Milei).
*Com AFP e Página 12
Edição: Leandro Melito
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